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Pacientes em diálise: Cuidados com alimentação devem ser redobrados no Natal

A diálise é um procedimento conhecido como terapia de substituição renal, isso porque, quando os rins não estão em condição de realizar sua função de filtrar o sangue é necessário um procedimento que substitua essa função tão importante para nosso organismo. Este procedimento pode ser realizado pelo processo de hemodiálise, quando o paciente faz as sessões por meio de uma fístula, 3x por semana, em uma clínica especializada e por um tempo de aproximadamente 4 horas/sessão, variando de paciente para paciente; ou diálise peritoneal, que o paciente realiza as sessões por meio de um cateter peritoneal, em domicílio e geralmente no período noturno, com frequência diária.

Neste procedimento de filtração do sangue, são eliminados resíduos prejudiciais à saúde, controlando a pressão arterial e mantendo o equilíbrio de sódio, potássio, ureia e creatinina, entre outros sais e minerais. Todo o sangue é filtrado, fazendo com que ele volte limpo ao corpo e as toxinas eliminadas no dialisato.

Quando o indivíduo apresenta doença renal crônica, o rim não consegue eliminar adequadamente as toxinas e os nutrientes que estão em excesso no sangue. Nessa situação, deve-se ter um cuidado especial com a alimentação. Alguns dos nutrientes que merecem maior atenção são: as proteínas, sódio, potássio e fósforo.

No processo de diálise ocorrem perdas importantes de proteínas, sendo necessário repor estas perdas por meio da alimentação a fim de evitar a desnutrição, condição muito frequente entre os pacientes que fazem diálise.  Assim sendo, o consumo de alimentos proteicos devem ocorrer conforme orientação nutricional adequada. Este cuidado se deve ao fato de quem, as proteínas são necessárias, contudo há quantidade expressiva de fósforo nas fontes proteicas. Assim, deve haver um equilíbrio para que a necessidade proteica seja suprida de forma que o consumo de fósforo não seja excessivo.

Nesse período de festas de final de ano é comum encontrar nas mesas frutas secas, como uvas passas, figos, damascos, além de oleaginosas, como castanhas, nozes e amêndoas. São opções que estão no topo da preferência das pessoas nesta época. Porém, alerta a nutricionista Cristina Martins*, mestre em Nutrição Clínica e doutora em Ciências Médicas – Nefrologia, o consumo desses alimentos é contra-indicado para pacientes que fazem hemodiálise. “Eles contém quantidades significativas de potássio. Nos dias entre as sessões de hemodiálise, o potássio é acumulado no sangue do paciente. Por isso, é importante evitar o consumo de alimentos ricos nesse mineral”, adverte.

Cristina ainda aponta uma situação que pode ocorrer nesta época do ano: a diminuição na rotina do programa de diálise. “Se as sessões de hemodiálise forem mais curtas ou ausentes, há grande risco de acúmulo de líquido e de potássio, entre outras substâncias, no sangue do paciente. Por isso, há grande necessidade de restrição de sal, adicionado às refeições ou à mesa, e de alimentos ricos em sódio, como vários industrializados, conservas e temperos. Também não podemos esquecer as frutas e hortaliças ricas em potássio. O chocolate, presente em panetones e sobremesas, também deve ser evitado”, alerta.

É importante controlar a ingestão do potássio pois esse nutriente faz parte de várias funções do nosso organismo, como a contração muscular. Na doença renal, os níveis de potássio no sangue podem subir de forma rápida, pois não ocorre a eliminação pelos rins. O excesso de potássio no sangue impede a contração muscular adequada e os sintomas causados são fraqueza, fadiga, cansaço, podendo causar até parada cardíaca. Portanto, a atenção ao consumo deste nutriente pelos pacientes em diálise deve ser redobrada.

Outra questão muito importante! Nesta época do ano é comum consumirmos frutas diferentes, como a carambola.

❌ CUIDADO! PACIENTES COM DOENÇA RENAL NÃO PODEM CONSUMIR CARAMBOLA! ESTA FRUTA APRESENTA UMA TOXINA ELIMINADA UNICAMENTE PELOS RINS PODENDO PROVOCAR DANOS AO PACIENTE.

Orientações nutricionais

Ao iniciar o programa dialítico, a ingestão de proteína é maior pois a perda de proteínas no processo de diálise pode ser significativa. Portanto, é essencial ter uma alimentação correta para evitar a desnutrição. Nesta fase, os níveis de fósforo e potássio já podem estar bem elevados e devem ser acompanhados de perto. Além disso o controle do consumo de sal deve ser considerado para controlar a pressão arterial e evitar a retenção de líquido, lembrando que o organismo não consegue eliminar adequadamente pelos rins estes excessos.

 

Referências:

https://sbn.org.br

Oliveira, Eduarda Savino Moreira; Aguiar, Aline Silva. Por que a ingestão de carambola é proibida para pacientes com doença renal crônica? J Bras Nefrol 2015;37(2):241-247. DOI: 10.5935/0101-2800.20150037.

 

*Cristina Martins é nutricionista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestre em Nutrição Clínica pela New York University (EUA) e doutora em Ciências Médicas – Nefrologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Também é especialista em Nutrição Renal pela Academy of Nutrition and Dietetics (AND – EUA), dietista-nutricionista registrada pela AND, clínica certificada em Suporte Nutricional pela American Society of Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN – EUA), especialista em Suporte Nutricional Enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE), especialista em Nutrição Clínica pela UFPR, especialização em Alimentação e Nutrição pela UFPR, assessora Científica da Fundação Pró-Renal Brasil – Curitiba, presidente do Instituto Cristina Martins de Educação em Saúde e representante da AND e da Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN) para a padronização internacional do Processo de Cuidado em Nutrição no Brasil.

 

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