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HIGHLIGHTS ESPEN 2023

O congresso Europeu da Sociedade de Nutrição Enteral e Parenteral, ESPEN, ocorreu em Lyon, em setembro deste ano e contou com inúmeras atualizações. O tema do congresso foi “Viva saudável com nutrição ideal”.

Na mesa que discutiu sobre preservação da mobilidade em idosos, foi reforçado o conceito da relação entre microbiota intestinal com sarcopenia. Com o processo de envelhecimento, ocorrem alterações na microbiota com o aumento de lactobacillus em idosos. Essa mudança tem efeito direto na massa muscular, ocasionado principalmente pelos metabólitos das bactérias, como aumento do TMAO e paracresol e redução da produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Estudos tem encontrado relação entre AGCC, especialmente o butirato, e massa muscular, nos quais pesquisadores observaram relação entre consumo de fibras com menor IMC e aumento de massa muscular apendicular e força muscular. Um dos grandes desafios associados é a ingestão adequada de fibras pela população idosa, sendo que suplementar fibras prebióticas pode ser uma estratégia adotada para aumentar AGCC e potencialmente melhorar a massa muscular.

Outro tópico discutido foi a importância do exercício crônico para a preservação da massa muscular durante o envelhecimento. Foram apresentados estudos com o uso relógio contadores de passos e de aplicativos de exercício físico, os quais encontraram melhora de função física com aumento de força dos membros inferiores, capacidade funcional, equilíbrio e mobilidade e aumento da qualidade de vida, além de redução de quedas. Além disso, em estudo que avaliou a quantidade diária de passos de idosos, encontrou uma associação positiva com redução da mortalidade nessa população com maior número de passos dados por dia. No ambiente hospitalar, a reabilitação de idosos internados também é essencial e o exercício físico deve ser incluído na prescrição médica desses pacientes.

Falando sobre Oncologia, é sabido a alta prevalência de caquexia e pré caquexia em pacientes oncológicos e seus impactos negativos na qualidade de vida, continuidade do tratamento antioneoplásico e prognóstico nesses pacientes. Um novo conceito apresentado foi do macroambiente do tumor, que envolve diversos tecidos como tecido adiposo, músculo esquelético, cérebro, ossos e intestino em um crosstalk metabólico. O destaque dessa discussão foi para o papel da microbiota intestinal, pois foram encontradas diferenças na composição e na função da microbiota entre pacientes com e sem caquexia, mostrando que há uma correlação, como por exemplo pelos efeitos dos AGCC que melhoram a massa e a função muscular.

Na mesa, foi falado sobre um estudo que avaliou a microbiota intestinal em pacientes com leucemia antes de qualquer intervenção. Os autores encontraram que 77% por participantes eram pré-caquéticos, apresentavam redução de apetite, de força muscular, alteração na homeostase de glicose, aumento na inflamação, aumento sinais de alteração na barreira intestinal e alteração na variedade das bactérias intestinais. Essa alteração na microbiota está relacionada com desordens metabólicas e inflamatórias, como as já citadas, além de terem encontrado alterações em bactérias específicas relacionadas com a redução da citrulina e desenvolvimento de fraqueza muscular, anorexia, redução de IMC e aumento de PCR.

Tivemos também a atualização do guideline de suporte nutricional para pacientes internados polimórbidos. Tratar pacientes com múltiplas comorbidades é um desafio, por isso é necessário individualizar o atendimento e realizar a prescrição nutricional baseada em evidências. O novo guideline traz resposta para 16 perguntas básicas. Todos os pacientes irão se beneficiar da terapia nutricional desde que tenha aderência de no mínimo 75% ao aporte calórico e proteico prescrito. Reforçaram que alguns marcadores podem ser acompanhados para avaliar a resposta sobre a TN como o PCR. Os principais pontos de atualização foram o aumento da recomendação de proteínas nessa população que passou que 1,0g/kg de peso corporal para 1,2 a 1,5g/kg de peso por dia, devido aos resultados encontrados pelo EFFORT Trial mostrando o custo-efetividade, por prevenir a perda de massa muscular, reduzir complicações e melhorar desfechos funcionais e qualidade de vida.

Outra recomendação trata da continuação do suporte nutricional após a alta hospitalar para pacientes idosos desnutridos ou em risco de desnutrição. Esse suporte nutricional deve ser mantidos por no mínimo 2 meses após a alta, seja com suplementação nutricional oral (SNO) ou com intervenção nutricional individualizada, para reduzir mortalidade e impactos clínicos.

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