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Dietas enterais industrializadas X artesanais

A terapia nutricional enteral é utilizada em pacientes que não têm condições de se alimentar totalmente ou parcialmente por via oral, mas que apresentam o trato gastrintestinal funcionante, podendo ser administrada através da nutrição enteral (NE) industrializada ou caseira. A primeira é aquela preparada industrialmente e apresenta-se sob três formas: em pó para reconstituição, líquidas semiprontas para uso e prontas para uso. Já a dieta enteral artesanal, caseiras ou não-industrializadas, é aquela preparada à base de alimentos in natura, como leite, ovos, açúcar, carnes e hortaliças, podendo ser adicionadas, ou não, de módulos de nutrientes (maltodextrina, albumina, vitaminas e minerais, por exemplo). Mas quais são as diferenças entre elas?

Dietas industrializadas – As dietas industrializadas são práticas, nutricionalmente completas e oferecem maior segurança quanto ao controle microbiológico e composição centesimal. Entretanto, têm maior custo, embora o risco de contaminação microbiológica seja mínimo. Dessa forma, especialistas afirmam que, avaliando custo-beneficio, o ideal é que se administrem as dietas industrializadas. Independente disso, também é importante que o cuidador ou manipulador das dietas receba as orientações necessárias para que sejam minimizados os riscos de contaminação durante o preparo, manuseio e administração das mesmas.

Dietas artesanais – A NE artesanal é de baixo custo, porém apresenta maior risco de contaminação microbiológica. Mesmo assim é bastante utilizada, principalmente por pacientes que fazem uso da nutrição enteral por um longo período em decorrência do seu menor custo. Devem ser prescritas por um profissional nutricionista, que deverá determinar corretamente a composição de macronutrientes e micronutrientes. A sua desvantagem está em poder ocorrer contaminações nos sistemas de alimentação enteral que, geralmente, acontecem pela falta de cuidado dos manipuladores em relação à higiene adequada. Para isso existem as “Boas Práticas de Preparação da Nutrição Enteral” (BPPNE) que estabelecem orientações gerais para o preparo e administração das dietas.

Outro problema é que o cálculo das dietas artesanais é limitado e não oferece total segurança, já que na maioria das vezes é obtido a partir das tabelas de composição nutricional dos alimentos utilizados. Além disso, a forma com que os alimentos são empregados, os procedimentos e técnicas adotados (tempo de cozimento, trituração e peneiração) causam perdas de nutrientes. Como no Brasil não há tabela de composição de alimentos que ofereça dados precisos e completos, a necessidade de suplementação desses elementos deve ser considerada para adequação das necessidades diárias individuais.

Osmolalidade e viscosidade – a primeira refere-se ao número de partículas osmoticamente ativas de uma solução. Este fator é de fundamental importância na aceitação fisiológica pelos indivíduos submetidos à nutrição enteral, além de estar relacionada com a via e o tipo de administração da dieta. A viscosidade é a medida da resistência ao movimento de um fluido e influência na velocidade de aplicação das dietas enterais. Os nutrientes relacionados com a viscosidade da dieta são, principalmente, carboidratos e fibras. Ou seja, quanto maior ou menor a quantidade desses nutrientes, a dieta será mais ou menos viscosa.

Ao contrário das dietas enterais industrializadas, a avaliação de osmolalidade e viscosidade de fórmulas artesanais raramente é realizada por seu alto custo e/ou não disponibilidade de equipamentos, embora sejam parâmetros importantes para a administração da dieta. Pouco se conhece sobre a osmolalidade de fórmulas não industrializadas, pois o custo é muito alto em relação às aparelhagens específicas para que se obtenha um resultado perfeito da análise. A maioria dos alimentos utilizados na dieta artesanal apresentam um pH ligeiramente ácido ou neutro, favorecendo o desenvolvimento de bactérias e apresentando um maior risco de contaminação em decorrência da manipulação.

É necessário que o cuidador ou o responsável pelo preparo da dieta receba orientações quanto ao manuseio correto nas preparações, manipulações, armazenamento e administração das fórmulas enterais, garantindo assim a segurança microbiológica tanto em domicílio quanto no ambiente hospitalar. A contaminação microbiológica pode prejudicar seriamente a evolução clínica destes pacientes.

Fontes:

• Centro Universitário Amparense (Unifia)

• Santos V F N et al. Qualidade nutricional e microbiológica de dietas enterais artesanais padronizadas preparadas nas residências de pacientes em terapia nutricional domiciliar. Rev Nutr., Campinas, 26(2): 205-214. 2013. Este estudo de Santos conclui que a qualidade microbiológica das dietas artesanais ainda permanece uma questão preocupante, exigindo uma atuação cuidadosa do profissional de saúde nos domicílios.

• Felicio B A et al. Food and nutritional safety of hospitalized patients under treatment with enteral Nutrition therapy in the Jequitinhonha Valley, Brazil. Nutr Hosp. 27(6): 2122-2129. 2012.Este estudo de Felicio conclui que existe uma perda significativa de nutrientes foi encontrada durante o processamento e preparação de dietas enterais artesanais, além do desafio para determinar o teor de nutrientes dessas dietas.

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