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Desnutrição em hemodiálise

A hemodiálise (HD) é uma terapia dialítica intermitente. O procedimento ocorre, em geral, três vezes por semana, durante quatro horas cada sessão. Os maiores problemas nutricionais estão relacionados ao acúmulo de metabólitos entre as sessões dialíticas e à perda de nutrientes durante o procedimento. A prevalência da desnutrição nesses pacientes é elevada, e varia entre 40% a 80%, de acordo com alguns estudos. A desnutrição, associada à piora da capacidade funcional e ao pior prognóstico de morbidade e mortalidade, resulta em aumento significativo nos gastos com saúde.

De acordo com a nutricionista Cristina Martins, mestre em nutrição clínica pela New York University, doutora em Ciências Médicas – Nefrologia pela UFRS, coordenadora do setor de nutrição da Fundação Pró-renal Brasil e autora do livro Interações Fármaco x Nutrientes, a desnutrição é o maior problema dos pacientes em diálise, tanto HD quanto DP (diálise peritoneal, com a utilização de cateter na cavidade peritoneal). “A desnutrição está relacionada com grande parte das complicações e mortalidade dos pacientes. Em HD, a desnutrição é caracterizada, principalmente, pelo déficit calórico. A aparência dos pacientes é emagrecida. Já a desnutrição de pacientes em DP é principalmente proteica”, explica.

A nutricionista comenta que os pacientes podem ter peso normal ou excesso de peso, mas apresentam, facilmente, hipoalbuminemia (baixa concentração de albumina no plasma). A razão, segundo ela, é que esse método dialítico promove grandes perdas proteicas e de vitaminas, ao mesmo tempo em que há absorção constante de glicose durante o procedimento.

Causas – Segundo Cristina, as causas da desnutrição são múltiplas, destacando-se a uremia, a acidose metabólica, as alterações hormonais, as perdas de nutrientes pela diálise, o estresse oxidativo, as doenças agudas associadas e as alterações metabólicas e psicológicas, como a depressão. Quanto às recomendações de ingestão de nutrientes, a nutricionista afirma ser necessário 1,1 a 1,2g/kg/dia de proteína para pacientes de hemodiálise e 1,2 a 1,3g/kg/dia que fazem diálise peritoneal. Já em relação à quantidade de calorias, as recomendações de energia são 30-35kcal/dia.

Nutrição clínica – Segundo Cristina, a indicação de nutrição complementar para esses pacientes é usual, particularmente em diálise. “Devido às características de cada modalidade dialítica, a HD tem mais indicação de nutrição oral completa. Já a DP, tem mais indicação de módulo de proteínas. Estudos têm mostrado que o uso de nutrição oral pode reduzir a mortalidade dos pacientes em diálise. Nutrição especializada pode auxiliar no controle da ingestão de fósforo e na restrição hídrica, principalmente”, avalia.

Em relação ao uso de sondas, a nutricionista comenta que, em muitos casos, os pacientes ambulatoriais não aceitam a colocação de sondas enterais, mesmo em casos graves de desnutrição. “As sondas para alimentação são usadas, principalmente, em pacientes hospitalizados, com complicações. A nutrição parenteral é reservada para pacientes com alteração parcial ou completa do trato gastrintestinal. A nutrição parenteral pode ser complementar (em conjunto com a via oral e/ou sonda) ou total. Em HD, também há a opção do uso da nutrição parenteral intradialítica, que é a infusão somente durante as sessões, geralmente três vezes por semana, por 3 a 4 horas. Nesse caso, a nutrição parenteral é complementar”, conclui.

Fonte:

Riella MC, Martins C (eds): Nutrição e o rim, ed 2. Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan, 2013, pp 379.

 

 

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