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Blog Prodiet entrevista o presidente do Sinesad

O aumento da demanda – e consequente oferta – de serviços de atenção domiciliar em saúde fez com que empresas atuantes neste setor passassem a se organizar por meio de entidades de classe que defendam os interesses da categoria. No Brasil, o Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Atenção Domiciliar à Saúde (Sinesad), criado em 2008, é o representante legal de cerca de 300 empresas que, juntas, empregam aproximadamente 150 mil pessoas. O presidente do Sinesad, Ari Bolonhezi, conversou com o Blog Prodiet para compartilhar impressões sobre a evolução deste setor. Confira:

BP: Qual o panorama atual do mercado brasileiro de atenção domiciliar?
Bolonhezi: Com pouco mais de duas décadas de prática sistematizada no Brasil, a Atenção Domiciliar em Saúde é hoje definida como ferramenta de gestão que proporciona continuidade da assistência no domicílio, de forma humanizada e personalizada, redução das re-hospitalizações ou da recorrência aos serviços de emergência, racionalização de custos assistenciais, além de ser uma estratégia para a desospitalização e otimização de leitos hospitalares. Da mesma forma que na perspectiva da integralidade da saúde, a Atenção Domiciliar, adotada como modelo assistencial, permite, além da assistência terapêutica, a implementação de ações de promoção de saúde, preventivas, assistenciais paliativas e de reabilitação.

BP: Que fatores contribuíram para o crescimento do home care no Brasil?
Bolonhezi: A Atenção Domiciliar em Saúde começou a ser adotada como estratégia de adequação de custos por parte das operadoras de saúde como forma de enfrentar os aumentos de preços no setor. Atualmente, vem sendo adotada a uma velocidade crescente e o principal motivo apontado é a carência de leitos e da estrutura hospitalar e ambulatorial, bem como a aceleração incontida dos gastos com a saúde pública provocada também pelo envelhecimento populacional. Tais fatos têm sido vivenciados de forma mais intensa na área pública. Contudo, o mesmo impacto acabou por atingir a área privada de maneira mais acelerada nos últimos anos. Assim, o debate que há anos permeava o sistema público de saúde atinge as mesmas proporções e premência no sistema privado com um novo enfoque: Gestão de Leitos. Só na última década o número de usuários de planos de saúde cresceu mais de 40%, atingindo um contingente de aproximadamente 46 milhões de pessoas, segundo a Agência Nacional de Saúde (ANS). Nesse cenário, a desospitalização, com a transferência de pacientes para atendimento domiciliar surge como uma premência.

BP: Quantas empresas privadas atuam no setor atualmente? O cenário era muito diferente há 10 anos?
Bolonhezi: A Atenção Domiciliar no setor privado movimenta aproximadamente 1 bilhão de reais por ano. Cerca de 300 empresas mantêm um mercado crescente de oportunidades também para os profissionais. Estima-se que mais de 150 mil pessoas atuem diretamente neste segmento. Atualmente, estima-se que 50 mil pessoas sejam atendidas em casa.

BP: Como o programa “Melhor em Casa” e outras iniciativas governamentais como o PRODHOM vão influenciar o mercado de home care no país? Iniciativa privada e poder público são concorrentes neste setor?
Bolonhezi: A entrada da Assistência Domiciliar na pauta dos governos é mais um indicativo que corrobora os benefícios que a modalidade oferece a todos os integrantes da cadeia de saúde. Não se trata apenas de benefícios financeiros, embora a modalidade possa reduzir substancialmente os custos, quando comparada ao custo hospitalar. A questão vai além. Do ponto de vista da população, a assistência domiciliar no Sistema Único de Saúde (SUS) possibilitará um benefício imediato para, pelo menos, 15 mil usuários que atualmente estão internados em hospitais da rede pública. Além destes, existe uma demanda reprimida e carente de atendimento domiciliar, como é o caso dos pacientes portadores de doenças crônicas, que, com o aumento da longevidade passam a enfrentar esse tipo de patologia. Com a desocupação de leitos e a descentralização do atendimento, promovidos pela internação domiciliar, estima-se também que mais pessoas tenham acesso aos serviços de saúde.

BP: Quais as vantagens do atendimento e da internação domiciliar, em comparação com o hospital?
Bolonhezi: Por ter como premissa a personalização do atendimento, a Atenção Domiciliar, dentro dos modelos de assistência à saúde, é a forma que mais intrinsecamente está relacionada às circunstâncias particulares de cada paciente. Aliada ao conhecimento e à tecnologia, essa modalidade proporciona uma nova forma assistencial a pacientes que necessitem completar tratamento sob supervisão especializada de um profissional ou de uma equipe de saúde. Baseada na realidade pessoal de cada indivíduo, o cuidado oferecido é personalizado e garante maior qualidade de vida, pois reduz reinternações hospitalares, frequentes idas aos prontos socorros, as chances de infecções hospitalares, bem como a possibilidade de conforto e bem-estar na proximidade com a família. O ambiente domiciliar permite uma melhor orientação, supervisão e uma ampliação dos limites da assistência, tendo o potencial de conduzir a população a um aumento do acesso à saúde e a uma melhoria na qualidade do atendimento e de vida.

BP: Como você avalia o futuro do home care no Brasil?
Bolonhezi: Após mais de vinte anos de críticas, debates e embates quanto aos problemas de gestão no sistema de saúde, a Atenção Domiciliar em Saúde está sendo vista como uma potente aliada por proporcionar qualidade, abrangência, economia e gestão de recursos à ação assistencial. O grande gargalo do momento igualou os sistemas público e privado: filas, longa espera, falta de leitos, estresse dos sistemas. Pela primeira vez, assistimos a eventos cujos temas centrais (gestão de leitos, desospitalização, gestão de recursos, entre outros) são abordados por prestadores e tomadores de serviço, senão com os mesmos objetivos, pela mesma necessidade: garantir o atendimento. Nesse ponto, a figura da atenção domiciliar passou a ter destaque como protagonista na busca pela solução de tão desafiadora equação, alavancando a prestação do serviço em todo o território nacional.

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