17/09/2018 Cuidado em Foco Cuidados com a Saúde Entrevistas Tratamentos Estudo brasileiro aprimora ferramenta de rastreio da Sarcopenia em idosos Na matéria anterior abordamos o que é a Síndrome da Sarcopenia, além de um estudo brasileiro que demonstrou a prevalência da doença em parte da população idosa brasileira, residente na cidade de Pelotas – RS. Por meio da sua tese de mestrado em Epidemiologia, o médico mastologista Thiago Gonzalez Barbosa e Silva avaliou que a síndrome atinge aproximadamente 14% dos indivíduos de 60 anos ou mais. Ainda, foi identificado que cerca de um em cada 10 idosos encontram-se em risco para o desenvolvimento da síndrome, no chamado estágio pré-clínico da síndrome (pré-sarcopenia). SARC-F e SARC-F + CC Profissionais de diversas partes do mundo vêm realizando pesquisas e estudos em busca de resultados que ajudem no diagnóstico e tratamento da Sarcopenia. Um exemplo é o SARC-F, proposto por dois especialistas em composição corporal norte-americanos, em 2013. Trata-se de um questionário com cinco perguntas objetivas que visa identificar indivíduos com risco aumentado para Sarcopenia, mas não de diagnosticar. Desde seu surgimento, o questionário já foi traduzido para diversas línguas. Porém, no Brasil, os profissionais que foram realizar a sua tradução observaram que havia uma lacuna: o questionário abordava apenas força e performance muscular e ignorava o fator “massa muscular”, muito importante para a definição de Sarcopenia. O Blog Prodiet conversou com o médico mastologista, professor das Faculdades de Medicina da Universidade Católica de Pelotas e da Universidade Federal de Pelotas, Thiago Gonzalez Barbosa e Silva, que trabalhou no projeto de tradução do questionário SARC-F. Confira: Blog Prodiet: Por que o questionário americano foi considerado incompleto? Thiago: O SARC-F traz perguntas que avaliam função e força muscular, como capacidade de subir escadas, necessidade ou não de ajuda para caminhar de um cômodo a outro, grau de dificuldade para levantar de uma cadeira, facilidade para carregar peso e o número de quedas que o idoso teve no último ano. Porém, observamos, ao traduzir para o português, que a resposta a essas perguntas não seria suficiente para o rastreio da Sarcopenia, pois faltava a análise da massa muscular do paciente. Desta forma, realizamos outro estudo, o Enhancing SARC-F: Improving Sarcopenia Screening in the Clinical Practice, ou, na tradução livre para o português, Aprimorando o SARC-F: Melhorando a Triagem de Sarcopenia na Prática clínica. O objetivo foi validar a versão traduzida para o português do questionário SARC-F e verificar seu desempenho nos diferentes contextos de triagem da doença. Blog Prodiet: Quais os objetivos do estudo? Thiago: Este estudo piloto teve três objetivos principais: validar o SARC-F como uma ferramenta de triagem de Sarcopenia (como originalmente proposto) e como ferramenta de avaliação da função muscular, buscando compreender para qual desfecho o questionário melhor serviria. Por fim, verificar se incorporar uma medida antropométrica simples – a circunferência da panturrilha – melhoraria a eficácia do SARC-F para o rastreio da Sarcopenia. Blog Prodiet: Como ocorreu o estudo? Thiago: Utilizando os critérios estabelecidos pelo European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP) – análise da massa, força e performance musculares -, foram avaliados 179 idosos do estudo COMO VAI? (Consórcio de Mestrado Orientado para a Valorização da Saúde do Idoso, desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas). Foram aplicados testes de mensuração da massa muscular, testes de força e testes de performance muscular. Os participantes também responderam a versão traduzida por nosso grupo do SARC-F e sua circunferência da panturrilha (CC) foi medida. SARC-F e CC foram então combinados em um escore original, com pesos (e, subsequentemente, pontos de corte) diferentes do questionário original. O desempenho das ferramentas para diferentes desfechos foram avaliados através de curvas ROC, análise de sensibilidade e de especificidade. Por isso, o novo questionário passou a se chamar SARC-CalF, ou SARC-F + CC, pois CC são as iniciais para calf circumference – ou, em português, circunferência da panturrilha. Com esta aferição, conseguimos incluir a avaliação que estava faltando, a da massa muscular do idoso. Blog Prodiet: Quais foram os resultados? Thiago: Dos 179 pacientes, 15 apresentaram Sarcopenia quando avaliados pelos métodos da EWGSOP. Através do questionário SARC-F, foram identificados apenas cinco dos 15 idosos avaliados como sarcopênicos. Em contrapartida, com relação à perda da função muscular, o questionário identificou 43 dos 73 idosos estavam com essa deficiência. O escore SARC-F + CC (que inclui a circunferência da panturrilha) foi capaz de identificar 10 dos 15 idosos sarcopênicos, o que evidencia uma melhora de desempenho significativa em relação ao questionário original. A importante conclusão a que chegamos foi que, apesar do desempenho satisfatório para avaliar a função muscular, o SARC-F sozinho não obteve resultados adequados como uma ferramenta de triagem de Sarcopenia. No entanto, a associação do SARC-F com a aferição da circunferência da panturrilha, em um escore original, melhorou significativamente o desempenho de rastreio da síndrome, permitindo a sua utilização na prática clínica, sem comprometer os demais parâmetros. Questionário SARC-F traduzido para o português: Questionário SARC-F + CC traduzido para o português: Thiago Gonzalez Barbosa e Silva é médico mastologista e integrante do Grupo de Estudos em Composição Corporal (COCONUT). Também é mestre em Epidemiologia, professor das Faculdades de Medicina da Universidade Católica de Pelotas e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), e chefe do Setor de Gestão de Pesquisa e Inovação Tecnológica do Hospital Escola da UFPel. Referência: https://www.jamda.com/article/S1525-8610(16)30314-0/fulltext POST ANTERIOR voltar para o blog PRÓXIMO POST
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